Thursday, March 28, 2013

Tuesday, March 19, 2013

Nunca me vou habituar a isto...


Trabalho com génios. Dizem-me eles, pelo menos.
Há 3 anos que faço isto e o sentimento é sempre o mesmo. São todos tão melhores que eu.
Hoje discutia ao almoço, com dois amigos, que se acham génios. O mundo deve-lhes vénias, tal é a prodigiosidade. Tal é o aumento de sabedoria que trouxeram a mundo assim que paridos. Tal é a contribuição que deixam, por aqui, a cada passo, a cada palavra, a cada gesto.

Eu fico calada. A genialidade incomoda-me. Atormenta-me.
Porque vais ficar aqui 5 anos e não te vais embora? O Emirates dão dinheiro, os Estado Unidos dão inteligencia.

E eu permanecia calada. As puras certezas incomodam-me. Atormentam-me.
Isso que estás a fazer? Isso é fácil! Isso é álgebra, simples. Não é um drama. O meu trabalho sim, é um infortúnio que salvará o mundo. É difícil, é digno de nóvel.

Encolho-me calada. A falta de humildade incomoda-me. Atormenta-me.

Um dia hei-de aprender que neste mundo, que eu tanto amo como odeio, é mais inteligente quem trabalha mais.
Neste mundo é mais inteligente quem não tem fins de semana, quem não tem horários, quem dorme menos.

Neste mundo tu que entras às 9 e sais às 18, que cozinhas por amor, que lês por gosto, que passeias sem razão, não tens lugar.
 E eu permaneço calada. Este mundo incomoda-me. Atormenta-me.

Antes do elevador se fechar e os perder de vista limitei-me a esconder-me na minha ignorância.  Um dia estas pessoas vão trabalhar numa empresa... e olhar para trás e dizer:

"Obrigada governo, pelos melhores anos da minha vida, pelo melhor emprego da minha vida."

 E aí sim, eu vou sentir-me um génio.

Friday, March 15, 2013

Vou-te contar o que penso sobre comida ....


Sou magra, se olhares para mim do umbigo para cima. Em pequena era raquitica. Não gostava de comer. A colher de pau (masoquistamente (isto existe?!) decorada por mim) fazia parte da decoração da mesa, juntamente com o prato, o garfo, a faca, e o guardanapo. A refeição era, só por si, sinónimo de choro, gritaria e horas intermináveis à mesa.

Não tenho grandes memórias da infância, mas disto não esqueço. Os restos do almoço (remexidos no prato durante as 2h horas que os meus pais podiam passar comigo à mesa)  eram guardados num tupperware verde, ou larajna, e levados para o lanche. Caio no erro de assumir que, no início dos anos 90, micro-ondas era coisa de rico, e o infantário não tinha. Comia assim, restos de arroz de polvo, ou de massa com frango, enquanto os outros meninos comiam pão com manteiga (ou para os que não gostavam de manteiga, pão com salsa) e bebiam leite de uma caneca de plástico.
Acho que os meus pais pensavam que isso me incomodava muito. Na realidade, o sacrifício de comer aqueles restos, bem temperadinhos por sinal, era o mesmo que comer uma carcacinha com salsa e beber leite. Era-me igual ao litro.
Este drama prolongou-se talvez mais do que uma década. A vida deu uns trambolhões e os meus pais deixaram de ter capacidade de se preocuparem com a minha preguiça para comer (como mais tarde admiti).
Aprendi, depois, quase como por empatia pelo meu pai, a gostar da cozinha. Os cheiros, os temperos, as misturas. Cozinhei pela primeira vez arroz de marisco e tomei-lhe o gosto. Fazia chiffon de chocolate cobiçado por todos...
O meu amor pela cozinha foi aos poucos transformando-se pelo meu amor pela comida.
Anos mais tarde, quando a nossa vida acalmou, o amor pela cozinha e pela comida, re-aproximou-me do meu pai, em pleno Porto Covo, à mesa com torradinhas e ameijoas à bulhão pato. Os têmperos, e sabores, que calmamente ele me explicou, enquanto bebiamos, fazendo-me sentir crescida, 2 Sagres Boémias.
Hoje, sento-me à mesa com prazer. Hoje, cozinho como se a minha felicidade dependesse desses momentos em frente ao fogão. Hoje, como e sinto em cada textura o amor pelas duas pessoas mais importantes da minha vida. Porque cozinhar e partilhar é, para mim, outra forma de amar.

Thursday, March 14, 2013

Do educar ou do diz que se educa...

Hoje ao almoço falavamos de bullying e de inteligência. Falavamos da possível ligação entre ambas. Eu remeti-me a tal silêncio que a meio da conversa me perguntaram "Foste vítima? Estás tão calada". Não, felizmente não fui, mas não sei como se educam crianças, por isso não sei o que te dizer.


Dizem que ter filhos é f****. Eu re-escrevo. Ter filho não sei se é f****, mas educar tenho a certeza que é.

Eu nesta coisa da educação, digo, de boca cheia no auge da minha parva falta de conhecimento, que só me preocupam meia dúzia de coisas:

1. A criança vai ter que saber comer à mesa.  Até pode cagar-se toda, transformar o chão num contentor digno de greve de lixeiros, mas come à mesa, não há discussão.

2. Todos sabemos que os putos são uns monstros. São cabrões, mesmo. Batem-se, esfolam-se, chamam nomes que nem percebem ... Na minha altura era chamado ser rufia, agora é bullying. Esta realidade existe e eu continuo a achar que 'começa' em casa. Quero preparar os meus filhos para isso. Não há desculpas, acontece uma vez e tens que ter amor próprio e dizer "Não ouses voltar a levantar-me a mão. Em mim ninguém bate, não és tu que vais bater."
(Nota-se mesmo que não tenho filhos, eu sei. Tenho uma visão tão pouco realista.)

3. Não quero criar filhos para que tentem ser perfeitos. A perfeição é uma merda e torna-nos pessoas inseguras. Vão errar, muitas vezes, e vão ter que ser humildes o suficiente para saber que há sempre alguém melhor do que nós, por muito bons que sejamos. "Dá o teu melhor." é o que quero dizer sempre antes do teste. Quando a negativa chegar quero manter a calma e perguntar "Deste o teu melhor?". Se tiver filhos minimamente inteligentes vão perceber que fizeram cagada e ficar com um peso na consciência. Isso só por si, na minha opinião, já é um castigo do caraças.

4. Educação nunca fez mal a ninguém. Assim como uma palmada na hora certa. E a sanidade me proteja contra as pseudo-modas de que 'bater é errado', 'levantar a voz é errado'. Eu levei algumas e sou linda na mesma :D.

5. Não me deixes, Universo, educar um filho que se torne burro. E calma, que não falo de boas notas e afins. Falo de saber ser. Se me mente (porque não venham com histórias, todas as crianças passam pela fase das mentiras) pelo menos que seja minimamente inteligente e minta bem. Se copia num teste, por muito imoral que isso seja, que o faça bem, e não seja apanhado. De mim, parte dizer-lhe que não o faça, que está errado, mas se o fizer, porque é desobediente (ou tem a mania que sabe tudo), que o faça bem. 
  
Acho que só por si estas 5 coisinhas, insignificantes na vasta área que é educarmos uma pessoa, mostram que não percebo grande coisa do que digo.

É por estas e por outras que eu me remeto ao silêncio (ou tento) sempre que se fala de educação.
Eu não opino na educação dos filhos dos outros, porque tenho consciência que só permitirei a algumas pessoas (3 + o pai da criança) opinarem sobre a educação dos meus filhos.

É simples. Os filhos e a sua educação, são como os amores (e as dores). Cada um sabe dos seus ...

Enquanto nós fazemos piadas (muito respeitadoras, leia-se) da escolha do papa....


"Este sim, tem ar de Papa."
"Tem ar fofinho."
"E o sentido de humor dele? Muito bom"

...  O nosso colega (extremista direita) revolta-se e diz cheio de saudades que o Ratzinger é o Papa da vida dele.

Eu respeito, mas tenho tanto medo de pessoas assim.

Estou no facebook, precisas de alguma coisa?


Wednesday, March 13, 2013

Eu até nem sou uma pessoa esquisitinha...

...mas se há coisa que me tira do sério é ver (sentir) madames a estalar as unhas.
Aquele tic tic tic é coisa para transformar a princesa que há em mim num bicho.

Eu aceito que palitem os dentes, que tragam as criancinhas cheias de ranho logo às 8 da manha, mas não me venham cá com os vossos vernizes de gel para cima.

Já nos meus tempos de China vivia muito bem com o facto de cuspirem para o chão ou arrotarem em público, agora cortarem as unhas em pleno transporte publico, faxabor!

Ora este fel todo porquê? Acordei de mal com a vida, pronto, o que já só por si me torna uma pessoa pouco sociavel. Perco o autocarro, e depois tenho que ir o caminho todo a ouvir uma senhora toda perfumada a tiquetar as suas unhas de gel.
Aiiiii carago. Que lhe 'botei' com uns olhares!

"Seriously Bitch, can't you do that shit alone?!"