Thursday, February 7, 2013

O grande dilema da minha vida

Fruto das voltas que vida dá e se calhar um bocadinho da minha instabilidade, passei 26 anos aos saltos.
3 ou 4 anos nesta terra, mais 2 ou 3 naquela, mais 4 ali e assim andado.
Invejo aquelas pessoas que têm amor à terra que as viu crescer. Que, mesmo longe, regressam e se sentem em "em casa".
Eu passei uns anos a achar que era do Porto. Foi lá que me reconstrui, que cresci como pessoa, que me tornei adulta. O meu sotaque diz que sou dali.
Depois mudei-me para o outro lado do mundo, e a merda da distância e do tempo fez com que começasse a perder o sentido de espaço.
2 anos depois eu já regressava ao Porto com sentimento de não pertencer ali.
Os grandes amigo continuam lá, mas a vida corre para todos e eu, ao fim de visitar toda a gente e matar saudades, já sentia vontade de "voltar a casa".
Há 2 anos e tal mudei-me para Lisboa.
A minha casa é aqui. Sei que não sou de cá (e basta-me abrir a boca). Sei que nunca vou considerar esta a "minha terra", mas é aqui que me sinto em casa.
Gosto da minha rotina, gosto do meu espaço e gosto em especial da segurança que aqui tenho.

Estou a umas horas de ter que ir ao Porto, em trabalho, e metade de mim remoi-se por dentro.
A minha casa vai estar vazia e fria.
O que me revolta mais é saber que já fui ali tão feliz. E agora, agora, por culpa da minha falta de terra, da minha necessidade de rotinas, e da minha falta de vontade, sinto-me infeliz por pensar sequer assim.

Dentro de umas horas vou meter-me no comboio e pensar que não estou a fazer isto por mim. Mas que não importa ...

7 comments:

  1. Já me queixei e já escrevi sobre o mesmo. Que bom era ser feliz na mesma cidade e no mesmo emprego, para sempre. Mas não somos assim e não há nada a fazer. Boa estadia!

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  2. Nasci em Moçambique, vivi vinte e picos anos em Portugal, em 3 sitios diferentes, e agora estou ha 10 anos em Paris e ando aos saltinhos com uma possibilidade de ir para o outro lado do mundo. Isto é uma sorte, pa !
    Não se ponham com coisas, somos cidadãs do mundo, não pertencemos em lado nenhum, mas estamos bem em todo o lado. Sempre com uma sensação de férias e com uma visão que ninguém que passou a vida a ver as mesmas paisagens, as mesmas pessoas e sem necessidade de fazer grandes adaptações. Pode dar-nos uma impressão de loucura, pode. Mas então e isso não é maravilhoso ? Fosse eu nomada, e ai sim !
    (Da proxima faço um esforço com os acentos, mas este teclado não quer colaborar hoje...).

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    1. Eu gosto de ser cidadã do mundo, tornou-me mais forte, mais independente, mas agora que acalmei um bocadinho, gosto da segurança que isso me deu! Se tiver que voltar a levantar asas, aqui vou eu, mas sinto que estou feliz assim! :)

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  3. Olha eu sou do Porto, nasci, cresci, estudei, casei e vivo no Porto. Na primeira oportunidade que tive de me mudar para a capital, por uma boa proposta de emprego, acagassei-me e não fui ( e o meu marido trabalhava na capital e tudo na altura, imagina), não sei se é por ser agarrada ao espaço e as rotinas... tenho uma resistência à mudança brutal.... que gostava de não ter.

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    1. Acho que é normal termos alguma resistência à mudança. O medo, a saida da nossa zona de conforto. No meu caso, são 2 dias, mas custava muito menos se fosse durante a semana! Ahaahhaha :P Fim de semana era bom para outras coisas :P

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